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Ceará entra no mapa das feiras orgânicas do país com 16 locais de comercialização

Ir à feira comprar frutas, verduras e hortaliças é uma tradição milenar. Toda cidade, pequena ou grande, tem um comércio desse tipo realizado em um dia específico da semana. Mas, o velho hábito tem ganhado um novo aliado no mercado, os alimentos orgânicos ou agroecológicos. Produzidos sem o uso de agrotóxicos, podem ser encontrados com maior frequência em barracas ao ar livre.

De acordo com a ferramenta “Mapa de Feiras Orgânicas” do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), 844 feiras comercializam esses alimentos em todo o Brasil. No Ceará, são 16. Uma das mais tradicionais é a de Itapipoca, no Litoral Oeste do Estado. A Feira Agroecológica e Solidária do município conta com 20 produtores e produtoras. Divididos em 20 barracas, vendem, quinzenalmente todas as quartas-feiras, além de verduras, castanha, mel, fécula, farinha, doces, temperos e remédios caseiros.

A iniciativa é um importante incentivo aos pequenos produtores e será tema de um dos painéis da 4ª etapa do Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar”, que acontece neste sábado, dia 18 de agosto, no Cetredi, em Itapipoca, das 7h às 19h, e reunirá cerca de 250 produtores das comunidades dos municípios dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Essa etapa do Ciclo de Seminários é uma realização do Instituto das Artes da Mesa – L´Atelier, com o patrocínio do Instituto Agropolos e parceria do Cetra (Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador).

“A ideia é valorizar a agricultura familiar, fortalecer a organização dos grupos produtivos e oportunizar a comercialização dos produtos sob a perspectiva da socioeconomia solidária. Assim, reafirmamos a vocação da população rural de viver em equilíbrio virtuoso com a natureza, ao mesmo tempo em que contribui para a segurança alimentar e nutricional, e melhora as condições de vida e as oportunidades de emprego no meio rural”, pontua o organizador da 4ª etapa do Ciclo de Seminários, Adalberto Araújo.

Qualidade nutricional

A diferença entre orgânicos ou agroecológicos consiste no modo de cultivo, sendo o orgânico produzido em um sistema de controle permanente, que vai desde a compra da semente até chegar na mão do consumidor. Já os produtos agroecológicos, que trabalham com várias culturas no mesmo local, possuem um controle dos produtores que também não utilizam agrotóxicos, mas não necessitam de selo de certificação.

Para falar sobre a importância dos insumos agroecológicos na mesa do brasileiro, dois renomados chefs de cozinha, Eduardo Sisi e Reginaldo Borges, vão ministrar uma oficina gastronômica, em uma cozinha experimental com 45 participantes do seminário. “Entre os benefícios desses alimentos, além da ausência de contaminação, estão a garantia de melhor qualidade nutricional. O amendoim, por exemplo, é mais nutritivo e mais saboroso se comparado ao produzido em escala industrial com pesticidas. Nós chefs, com nossa expertise, vamos apreender como os agricultores preparam esses insumos agroecológicos para o consumo e apresentar outras maneiras de preparo, com o objetivo de potencializar esses alimentos cultivados de forma tão preciosa”, explica Eduardo Sisi.

Araruta e sementes crioulas

O Ciclo de Seminários no Litoral Oeste promoverá ainda oficinas temáticas sobre o manejo agroecológico, as “sementes crioulas” ou “sementes da vida” e o cultivo e beneficiamento da araruta. As sementes crioulas e a araruta correm risco de extinção devido a produção agronegócio. Para termos uma ideia, ao longo de 12 mil anos da agricultura, mais de 7 mil espécies de alimentos foram cultivadas. Hoje, apenas 12 espécies formam a base da nossa alimentação.

As sementes da vida, como são chamadas no Ceará, carregam informações sobre cada clima, solo e manejo específico. Por outro, os monopólios do setor agrícola empurram as chamadas transgênicas, híbridas ou melhoradas. Ou seja, as sementes crioulas, que são parte da natureza, estão sendo ameaçadas pelas sementes manipuladas em laboratórios, dependentes de químicos que contaminam todas as formas de vida.

Já da raiz da araruta, planta originária das regiões tropicais da América do Sul, é extraída uma fécula branca que é alimentícia e recomendada para pessoas com restrições alimentares ao glúten. O produto era bastante usada no preparo de mingaus, bolos e biscoitos, mas ao longo dos anos foi substituído pelo polvilho de mandioca ou pela farinha de trigo.

“Conscientes da importância da participação da araruta na tradição culinária cearense e brasileira, pretendemos, com esse debate, resgatar esse costume que ainda persiste em Itapipoca e nos municípios vizinhos entre os agricultores familiares, mas que tem potencial para expandir para mais consumidores”, comenta Adalberto Araújo.

O Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar” já passou por três macrorregiões do Estado, Cariri (Barbalha), Sertão Central (Quixadá) e Litoral Leste (Aracati). A quinta e última etapa será na Região Jaguaribana (Morada Nova).

Programação

07h – Café da manhã regionalizado

8h – Acolhida – Atividade Cultural

Grupo Balanço do Coqueiro – espetáculo Um Toque de Renda

9h – Abertura oficial

Secretário do Desenvolvimento Agrário, De Assis Diniz

Presidente do Instituto Agropolos, Ana Teresa Barbosa de Carvalho

Coordenadora do Cetra, Cristina Nascimento

Representante da Rede de Agricultores/as Agroecológicas do Território Vales do Curu e Aracatiaçu

9h30 – Oficina gastronômica com os chefs de cozinha Eduardo Sissi e Reginaldo Borges

Tema – A importância dos Insumos Agroecológicos na Mesa dos Brasileiros

10h – 1 Painel – O alimento como patrimônio

Professora Dra. Helena Selma Azevedo

12h30 – Almoço regional

13h30 – 2 Painel – Apresentação de experiência – Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca

14h30 – 3 Painel – Qualidade e apresentação dos produtos da agricultura familiar para valorização do processo de comercialização

Chef Eduardo Sisi

15h30 – Oficinas temáticas

  1. Prática de manejo agroecológico – Local: Viveiro Regional

  2. Sementes da vida: Manejo de sementes crioulas – Local: Cetredi

  3. Cultura alimentar: Cultivo e beneficiamento da araruta – Local: Cetredi

16h30 – Retorno das oficinas e encerramento

18h – Feira de Saberes e Sabores da Agricultura Familiar

Participação especial da Banda Dona Zefinha

Local: Largo de São Sebastião

Serviço: 4ª etapa do Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar”

Data: 18 de agosto

Horário: 7h às 19h

Local: CETREDI – Rua Hildeberto Barroso, Sanharão, Itapipoca – Ceará

Informações: (85) 3258.5388

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