Um grupo de médicos presta serviços voluntários no Ceará para atender os pacientes em cidades que ficaram sem os profissionais após a saída de médicos cubanos. Em apenas quatro dias, 211 profissionais atenderam ao chamado de um grupo de médicos para trabalhar em cidades cearenses que perderam, juntas, 441 servidores.
"Cada equipe da saúde de um posto de saúde é responsável por quatro mil a 10 mil famílias. Então você multiplica isso por 441 médicos. Então, assim, milhares de pessoas: os carentes, os mais carentes, iam ficar totalmente desassistidos", explica Edmar Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos.
Os médicos cubanos deixaram o Brasil após o fim do acordo entre os países. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, discordou da forma como o pagamento é feito aos profissionais, que têm parte do salário retido pelo governo cubano.
O Sindicato dos Médicos do Ceará fez a ponte entre os voluntários e os gestores municipais, que devem oferecer hospedagem e alimentação até que os contratados do programa Mais Médicos comecem a trabalhar.
De acordo com o Ministério da Saúde, 97,6% das 8.517 vagas do edital já foram preenchidas; as inscrições vão até sete de dezembro. No Ceará, sete cidades já contam com novos profissionais do Mais Médicos.
A doutora Lorena Cavalcante e o doutor Luan Victor fizeram as malas e partiram para Itaiçaba, a 170 quilômetros de Fortaleza, onde já conheceram o posto de saúde e estão trabalhando.
"Eu sempre quis fazer um trabalho voluntariado quando eu me formasse em medicina. Vai ser uma experiência única, vai ser muito boa", afirma Lorena Cavalcante.
Já Luan recebeu outra missão: "A maioria dos atendimentos, aqui no município, acontece assim: nas casas da área rural onde está a maior parte da população. São as visitas em domicílio que reforçam o vínculo entre médico e paciente."
Os moradores estavam sentindo falta deste acompanhamento. "O médico vindo em casa, pegava o remedinho dele e a gente não precisava nem sair de casa, né?", diz a agricultora Maria das Graças.
"A gente estava sem médico e na situação que se encontra meu pai e minha mãe é muito difícil pra gente, mas agora, graças a Deus, melhorou nossa situação", comemora a dona de casa Mara Rutieli de Oliveira.
O médico contratado para o programa vai assumir o atendimento na cidade semana que vem. Até lá, doutor Luan vai continuar disponibilizando tempo e trabalho e recebendo carinho.
"Dá vontade de ficar, dá vontade. Quando você percebe que a população gosta, que lhe recebe bem, você fica com muita vontade de ficar", relata o médico.