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Estratégias driblam crise e fazem economia de São Gonçalo do Amarante avançar


Concessão de incentivos, parcerias com empresas e distritos industriais são algumas medidas adotadas, que foram refletidas, entre outros indicadores, no exponencial crescimento na abertura de empresas entre 2018 e 2019

O município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, tem adotado nos últimos anos estratégias para driblar os efeitos da crise econômica e atrair cada vez mais novos negócios para a região. As medidas englobam a ampliação de incentivos fiscais municipais, o desenvolvimento de parcerias para capacitar mão de obra e a criação de minidistritos industriais. O resultado já pode ser percebido no saldo positivo de empresas abertas na cidade em 2019, de quase 12 vezes mais empreendimentos na comparação com 2018.

Segundo a Junta Comercial do Ceará (Jucec), em 2019, foram abertas 436 empresas, enquanto 164 foram fechadas, um saldo de 272 novos negócios. Em 2018, haviam sido criados 417 empreendimentos, e fechados 394, saldo de 23 novas empresas no município. O setor de serviços (211) foi o que mais abriu negócios.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Gonçalo do Amarante, Victor da Ponte, a estratégia é tornar o Município mais conhecido e divulgar os potenciais da região. Além disso, ele cita os incentivos fiscais como forma de atrair novos negócios. "Nós damos uma redução no valor do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Nós temos uma lei desde 2014 de incentivos de ISS. Existe uma norma que especifica qual a atividade e o setor produtivo que nós temos interesse e temos dado esse incentivo". A alíquota fixada do ISS atualmente é de 2%.

Ponte também afirma que o Município doa terrenos para empresas interessadas em se instalar na região. "Nós temos uma política de doação de terreno para a implantação de indústrias estratégicas. Nós fazemos uma doação de terrenos dentro dos distritos industriais que criamos. O empresário não quer só o terreno. Ele precisa de infraestrutura com acesso à água e energia elétrica. Nós temos nos esforçado para entregar isso para as empresas", acrescenta.

O secretário reforça que o período de recessão ainda não passou e que há indícios de recuperação econômica neste ano. "A crise se abateu, e a gente tem sofrido como todo mundo. É verdade que o cenário está começando a mudar, mas ainda está muito lento. Os prognósticos são positivos, e a tendência é melhorar, mas isso ainda não se concretizou. O empresário está chegando muito cauteloso porque foram muitos anos de recessão e para retomar isso, precisamos de sinais muito fortes da parte do Governo".

Influência do Porto

Ele reconhece a importância do Porto do Pecém como grande impulsionador de novos negócios. "Tudo isso (a crise) atrapalhou os negócios, mas aqui tem um polo com um desenvolvimento bem dinâmico e que é alavancado pelo Porto do Pecém. O porto é quem tem feito e que vai continuar fazendo toda a diferença no nosso desenvolvimento". Para Raul Viana, gerente de Negócios Portuários do Complexo do Pecém, a influência do empreendimento na região é enorme.

"O Porto é um indutor de novos negócios. Então é uma válvula de fomento ao desenvolvimento econômico não só de São Gonçalo, mas também de todo o Estado".

Ponte diz também que já existe uma movimentação crescente em torno do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. "A gente vê em função do crescimento da logística, comércio, entrada e saída de mercadorias do porto. A própria siderúrgica (CSP) tem gerado muito emprego e ela tem força de atração para novas empresas".

Segundo o secretário de São Gonçalo, o Município tem sido criativo em épocas de crise. "Nós estamos procurando novos nichos de mercado, que possam fazer frente a esse marasmo econômico. A população de São Gonçalo se acostumou com o processo de emprego muito grande com a construção do Porto e da siderúrgica. A gente tem tentado superar os obstáculos, tentando reduzir as mazelas causadas pelo desemprego e criando distritos industriais criativos menores, e dando incentivos", completa.

Expectativa

Para Viana, o Ceará ficou descolado do restante do Brasil durante a crise. "Os números aqui do Complexo cresceram bastante. O Porto do Pecém é um porto que nos últimos 10 anos cresceu a uma taxa de 20% ao ano. Então, você nota que é um crescimento invejável para qualquer empresa. A gente teve um trabalho de planejamento, e todos os setores trabalharam de forma conjunta, então a gente conseguiu passar ileso pela crise".

Para este ano, ele reitera que as expectativas são favoráveis. "O último ano foi de muitas transformações internamente e mudanças em função da parceria com o Porto de Roterdã. Agora, nós temos metas, indicadores. Estamos mensurando o nosso trabalho de uma forma com um controle maior. Atrair novos negócios para a área industrial e parcerias", afirmou.

Emprego

A influência da região industrial para o Município é marcante também para a geração de empregos. Conforme Grijalba Marques, gerente da unidade do Sine/IDT do Pecém, o mercado de trabalho está em fase de expansão de empresas. "Esses empreendimentos (Porto, Zona de Processamento de Exportação e CSP) fizeram com que a região se transformasse com uma série de empregos chegando e mudando a realidade do local".

Ele confirma que a maior quantidade de empregos é na área industrial. "Nesses últimos meses, tem muita coisa na área industrial principalmente em manutenção industrial, trabalho na siderúrgica. O Porto tem uma grande demanda e, às vezes, isso é sazonal, de acordo com a época que aumentam as exportações. No ano passado, tivemos uma demanda de 50 vagas para motoristas carreteiros para levarem as cargas para os destinos, por exemplo".

Marques cita a questão da capacitação de mão de obra como um dos maiores desafios. "Todas as empresas têm alguma certificação, e elas requerem um curso específico, e o trabalhador esbarra nesse tipo de dificuldade. Às vezes, as empresas pedem curso de inglês, então precisa dessa qualificação".

Diário do Nordeste

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