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5 tópicos fundamentais para garantir mais sustentabilidade na moda em 2023.


Em termos de sustentabilidade, durante o último ano, a indústria da moda apresentou um lento progresso. Os trabalhadores do setor continuam a ter que lutar por condições mínimas de dignidade, enquanto a crise climática se agrava e marcas usam de pequenos avanços para criar grandes campanhas de marketing, prática conhecida como greenwashing. Assim, perante este cenário, a plataforma de moda BOF (Business of Fashion) anuncia que os tópicos mais importantes para o setor durante este ano serão: regulamentação, circularidade,greenwashing e resiliência climática. Considerando a realidade brasileira, também é essencial acrescentar a valorização de saberes e práticas locais e ancestrais que reforçam a pluralidade cultural do país.


Em 2023, o setor está sob pressão crescente para ir além dos compromissos de marketing anunciados, cumprir metas mais robustas e definir ações regulatórias que conduzam a agenda climática. A plataforma de moda global destaca que ações regulatórias devem conduzir a agenda deste ano, como por exemplo, as propostas legislativas da União Europeia para fundamentar reivindicações mais verdes e reduzir a poluição por microplásticos. Inicialmente previstas para o final do ano passado, as propostas devem sair no primeiro trimestre deste ano como parte de um esforço mais amplo para reduzir o impacto ambiental da indústria e melhorar as condições de trabalho em suas cadeias de fornecimento até o final da década.


Do outro lado do Atlântico, o Senado do Estado de Nova York reabre este mês com projetos de lei focados na moda a serem considerados, incluindo divulgações obrigatórias sobre gerenciamento responsável da cadeia de fornecimento e leis trabalhistas melhores para modelos e criadores, além da proibição de produtos químicos tóxicos que deve entrar em vigor no final deste ano. No cenário brasileiro, a agenda política da moda ganha melhores oportunidades com a mudança de governo e com o fortalecimento das pautas ambientais e sociais.


A forma como as marcas comunicam sobre seus esforços para operarem de forma mais sustentável precisa passar por uma revisão, já que estas estão sendo cobradas por posturas mais coerentes em relação às suas práticas. Na mais recente edição do relatório do Índice de Transparência da Moda Brasil, realizado pelo Instituto Fashion Revolution Brasil, que revela o nível da divulgação pública de 60 grandes marcas e varejistas do mercado brasileiro, 67% das empresas analisadas não divulgaram nenhuma informação sobre suas listas de fornecedores. A rastreabilidade é um grande desafio para a cadeia produtiva global, porém é o elo crucial capaz de garantir dignidade na vida dos trabalhadores do setor. Este dado prova que enquanto marcas se esforçam em fazer grandes campanhas de comunicação, ainda falham em pontos cruciais.


Na questão da circularidade, este é um ano importante para as marcas começarem a enfrentar seriamente o problema do desperdício e excesso na moda. Novas fábricas de reciclagem têxteis estão surgindo, principalmente na Europa que conta com o apoio da regulamentação. Porém, em países como o Brasil ainda é necessário um investimento substancial para construir a infraestrutura necessária e revisar os processos de design para tornar a moda circular uma realidade escalável em volumes significativos. O foco também deve ir além das soluções de reciclagem, já que as marcas enfrentam uma pressão crescente para lidar com a própria superprodução. O decrescimento, que destaca a tensão entre os modelos de negócios orientados para o consumo e as metas de sustentabilidade, passou de um conceito anticapitalista radical para uma característica regular nos debates convencionais que devem moldar o futuro da indústria.


Sobre a importância de um olhar específico para o Brasil, a executiva Luana Génot, que participa do Fórum Econômico Mundial na Suíça, comenta sobre os debates do futuro da moda a respeito da sustentabilidade: “Um tópico muito recorrente aqui no Fórum Econômico Mundial é a desglobalização. Cada vez mais a valorização do que é local”, revela. Segundo a fundadora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), o crescimento do fast fashion é um movimento que ocorre ao mesmo tempo em que cada vez mais entendemos a importância do trabalho e matéria-prima locais, “evitando que haja tanto trânsito de mercadorias pelo mundo e, consequentemente, diminuindo emissões de carbono”. Para ela, tanto o modo de produção quanto a valorização do trabalho humano fazem parte de um futuro sustentável.





“Precisamos entender como aproveitar melhor a força de trabalho que temos, correspondendo à melhor remuneração dessas pessoas. Pensar também sobre o quanto essa indústria ainda tem poucas ações afirmativas para a inclusão de mulheres negras e indígenas no topo dos cargos de liderança, com a distribuição de representatividade feminina ainda muito concentrada na mão de mulheres brancas, heterossexuais, cisgêneras e sem deficiência”, explica Luana. A executiva afirma ainda que a aplicação da abordagem ESG pode parecer um grande elefante branco, mas “se entendermos que dá para valorizar mais o local, estabelecermos mais ações afirmativas em frentes da moda e melhor remunerar as artesãs locais, vai se formando um plano de ação mais prático e tangível, que as grandes varejistas e outras empresas da indústria possam colocar em prática.”


Os desafios podem se tornar oportunidades para o crescimento de uma indústria e cultura de moda que valoriza as pessoas e o meio ambiente acima do lucro. Portanto é importante que a urgência da pauta seja considerada e que haja empenho de todos os atores do setor, bem como da sociedade civil, pois a responsabilidade deve ser compartilhada.


Fonte:vogue.globo


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