A 10ª edição do Encontro Internacional Conexão Felicidade e Bem-Estar chega a seu segundo e último dia de atividades nesta sexta-feira (8). O evento realizado pelo Instituto Movimento pela Felicidade e Bem-Estar tratou de temas relacionados à felicidade no ambiente de trabalho, à saúde mental, às conexões humanas, dentre outros assuntos.
O fundador do instituto organizador do encontro, Benedito Nunes, destacou que ao longo dos dois dias de realização, o encontro reuniu 35 palestrantes e cerca de 200 participantes para discutir a ciência da felicidade e do bem-estar e seus benefícios no ambiente pessoal, social e profissional.
“Tem sido uma experiência muito gratificante e a opinião dos presentes é de que o evento tem sido muito bom para todos”, celebrou.
Dentre os convidados para mediar os debates está o professor e filósofo Raimundo Soares. Ele pontua que a maioria das pessoas são boas, no entanto, grande parte dos seres humanos não concordam entre si, o que acaba gerando uma crise civilizatória, na qual perdemos a capacidade de ver vida em nós e nos outros.
Soares destacou que algumas palavras como sucesso, felicidade e amor foram tão propagadas que acabam sendo banalizadas e perderam o significado. Ele ainda pontua que a felicidade é um conceito importantíssimo, que já vem sendo estudado pela ciência.
“A felicidade acompanha a humanidade desde o início da sua história como um instinto humano. Então, eventos como esse permitem vivenciarmos um certo oásis para aprofundarmos e compreendermos todos os fatores que estão inseridos na significação do que significaria ser um indivíduo feliz, sociedade ou instituição”, declarou.
A importância das conexões
O evento foi realizado na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte, e teve como uma das mediadoras dos debates a presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Muls, que esteve no painel ‘’Sobre vidas, flores e poemas: camadas para um olhar sensível”.
Durante a palestra, as escritoras Rita Lages e Floriana Bertini debateram alguns assuntos que permeiam a formação humana, baseada nas conexões e olhares que, quando atentos, podem enxergar por novas perspectivas, além do desenvolvimento pessoal em busca do bem-estar.
Rita Lages falou sobre seu trabalho, em especial, sobre o livro “Flores Espontâneas” que, segundo ela, teve grande importância durante o processo de cura do luto, após a morte de seu pai.
Ela também citou alguns textos que serviram de inspiração desde a infância, como os diversos trabalhos das escritoras Adélia Prado e Cecília Meireles. “Esses textos fizeram parte da minha infância e esses textos me frequentam”, afirmou.
Já Floriana Bertini, que também é médica, contou um pouco sobre a história de como surgiu ideia do projeto #FloresNoCaminho, quando ficou admirada com a beleza de uma flor durante a pausa para o café no hospital onde trabalha.
A palestrante também ressaltou a necessidade de ter um olhar mais apreciativo, sentindo a textura das coisas. Para a escritora, as flores possuem uma conexão com as pessoas e muita resiliência.
“As flores possuem um tipo de conexão com as pessoas e também algo de comum com a gente. As flores, assim como nós, são únicas”, disse.
Ela também convidou as pessoas presentes no evento que se libertassem do preconceito relacionado a questões técnicas ou métricas e escrevessem um poema livre com base em imagens de flores que apareciam no telão. “É muito bom ser livre”, completou.
Bem estar, felicidade e conexão nas cooperativas
O primeiro painel do segundo dia da 10ª edição do Encontro Internacional Conexão Felicidade e Bem-Estar também tratou do significado de bem-estar e da felicidade, tendo como base o projeto Felicidade Interna do Cooperativismo (FIC).
A busca pela felicidade nos ambientes cooperativos, trata-se da busca pelo tratamento humanizado dos colaboradores dentro das instituições, com o objetivo de criar um ambiente saudável, com funcionários que se desenvolvem, tanto profissionalmente quanto pessoalmente.
Para a gerente de educação e desenvolvimento sustentável do Sistema Ocemg, Andréa Sayar, o cooperativismo é um importante meio para a mudança da atual realidade socioeconômica em que vivemos. Ela avaliou que este modelo, apesar de atuar como uma empresa convencional, tem o foco voltado para as pessoas.
“As cooperativas são negócios que tem que gerar dinheiro, mas tudo começa pelas pessoas. O cooperativismo tem início nas pessoas, nos colaboradores” ponderou.
Para ela, o cooperativismo já possui alguns aspectos que abrange o ponto de vista humana e do indivíduo dentro das relações sociais e organizacionais.
Na visão de Andréa Sayar, um dos grandes desafios envolvendo o assunto felicidade é a visão que muitas pessoas acabam tendo do tema de forma errônea ou equivocada.
“Nós temos que tirar alguns pressupostos de pessoas que já entendem a felicidade como simplesmente se sentir feliz o tempo inteiro. Mas na vida nós temos altos e baixos e quando falamos da felicidade no contexto amplo de bem-estar social, psicológico, a felicidade tem a ver com superar desafios pessoais e organizacionais”, explicou.
Em Minas Gerais, segundo Andréa Sayar, o Sistema Ocemg conta com três principais áreas com ações voltadas para as cooperativas: a área ambiental, com práticas ESG; o eixo de promoção social, com programas voltados para a cultura; e o desenvolvimento humano e organizacional, voltado para a parte formativa, na qual se encontra o FIC.
Neste último eixo, em integração com o FIC, as ações da Ocemg visam promover um ambiente organizacional seguro e humanizado, capaz de estimular o engajamento, a produtividade e a inovação, proporcionando aumento da performance da cooperativa.
Andréa Sayar ressaltou ainda que ações que têm como objetivo proporcionar um ambiente mais seguro e com relações mais humanizadas têm grande impacto no clima organizacional das empresas e cooperativas. “É impressionante como isso gera engajamento”, declara.
No Estado, são 78 cooperativas do Sistema Ocemg, com cerca de 10 mil colaboradores que já participam do programa de FIC.
Nesse contexto, a cooperativa Sicredi, que iniciou, em 2023, a implementação de novas formas de pensar a felicidade no trabalho, representada por Renato Marcelino e Karina Martins, apresentou um case e os principais resultados dentro da cooperativa.
A palestrante, Karina Martins, explicou que o primeiro passo para essas novas ações foi a pesquisa de diagnóstico, seguida de formações sobre o assunto, o mapeamento e brainstorming das ações.
“Com o diagnóstico, cada colaborador recebeu sua ‘mandala de felicidade’, com a qual pode entender seus pontos fortes e pontos de atenção. O resultado individual foi importante para que houvesse o engajamento dos colaboradores, gerado pela personalização da pesquisa”, comentou.
Os temas que, segundo a pesquisa da cooperativa, precisavam de mais atenção foram o manejo do tempo, qualidade de vida e a saúde. Dentre estes, foi percebido que nas instituições já haviam soluções para estas demandas, mas que não eram utilizadas pelos funcionários. Assim, entendeu-se que a comunicação é um dos pontos que podem facilitar para que as iniciativas sejam, de fato, úteis para os colaboradores.
Karina Martins também relatou algumas ações realizadas pela cooperativa que contribuíram para o desenvolvimento dos aspectos da felicidade. Dentre elas estão as rodas de conversa e o estímulo a uma alimentação mais saudável e o cuidado com a saúde do corpo.
Para a palestrante, o segredo da felicidade está na auto responsabilidade. Ela reforça a importância de um olhar mais cuidadoso por parte dos líderes na motivação dos colaboradores. “O reforço positivo do olhar faz com que as pessoas se sintam reconhecidas. Não se trata apenas de cargos ou do dinheiro”, afirma.
Assim como Andréa Sayar, Marcelino também destacou o caráter humanizado das cooperativas. Para ele, o cooperativismo é um modelo que não pensa apenas no negócio, mas também no desenvolvimento de pessoas.
“O cooperativismo tem em sua essência algo que as demais empresas estão sempre buscando, que é o ato de colocar as pessoas no centro do negócio”, disse.
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