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Sustentabilidade: descarte de baterias dos carros elétricos ainda precisa ser aperfeiçoado.


Os carros elétricos realmente são inofensivos ao meio-ambiente? Para o professor Fernando de Lima Caneppele, especialista na área de eficiência energética da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP em Pirassununga, “se considerarmos apenas o seu uso e desde que a energia elétrica seja de fonte renovável, podemos considerar que são inofensivos. Mas essa não é a análise correta a ser feita”.


Para mitigar os impactos ambientais causados pelos mais de 1,4 bilhão de carros matriculados no mundo, grandes empresas avançam na tecnologia dos carros elétricos no mundo e buscam aumentar a vida útil das baterias e encontrar o que fazer com elas após o descarte. Outro inconveniente é a produção da energia que irá abastecer a frota de veículos elétricos, pois, segundo Caneppele, mesmo a energia proveniente de fontes renováveis, em sua maior parte pouco prejudicial ao ambiente durante sua geração, tem impactos negativos na fabricação dos equipamentos necessários ao seu funcionamento e também terá impacto no descarte.


Os principais fabricantes, segundo o professor, dão uma garantia de oito a dez anos, desde que o deslocamento no período seja entre 160 mil e 240 mil quilômetros. Porém, segundo o professor, isso não significa que, após essa rodagem, elas tenham que ser substituídas. “Elas irão na maior parte das vezes durar mais do que isso, mas com alguma perda em termos de carga suportada e rendimento, o que acarreta, por exemplo, uma menor distância percorrida.”


O que fazer com as baterias?


Atualmente, os países mais avançados no uso dos carros elétricos estão determinando que as principais montadoras façam a reciclagem das baterias com as tecnologias já existentes, porém, a demanda ainda é baixa, visto que esses veículos não são comercializados em grande escala.


As baterias, segundo Caneppele, possuem diversos componentes de fácil reciclagem, como o plástico, e metais mais conhecidos, como o alumínio. Mas outros tipos de metais raros como cobre, cobalto e neodímio, que estão entre os principais componentes, além de produtos químicos utilizados, precisam ter esse processo melhorado. Segundo o professor, uma alternativa seria utilizar as baterias em fim de vida útil em outros processos, por exemplo, como acumuladores de carga nas próprias fábricas, estendendo seu tempo de uso.


Produção da energia deve ajudar na sustentabilidade


Em um futuro não muito distante, quando os carros elétricos substituírem os carros a combustão, a maneira de produção da energia que vai carregar as baterias será fundamental para a sustentabilidade do processo. Para Caneppele, a transição energética para fontes de produção de energia renováveis, com baixa ou zero emissão de carbono, é imprescindível, uma vez que pelo menos 60% da eletricidade no mundo é gerada a partir de fontes não renováveis provenientes de combustíveis fósseis, como o carvão, que possuem grande impacto ambiental.


Para alcançar a era dos carros elétricos e diminuir o impacto dos veículos sobre o meio ambiente, teriam que ser feitos os investimentos tanto na geração de energia quanto na rede de abastecimento no Brasil e no mundo. “Embora a mobilidade elétrica seja um processo irreversível em nível mundial, certamente a demanda fará com que essas questões sejam resolvidas”, diz Caneppele.


Enquanto o mundo não possui a infraestrutura para os carros elétricos, Caneppele lembra que uma alternativa para diminuir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera é a própria tecnologia brasileira do carro a álcool, desenvolvida há mais de 40 anos e frequentemente atualizada. No mundo, o etanol é usado como aditivo à gasolina: em cerca de 70 países, ele permanece sendo uma tecnologia sustentável para controlar as emissões dos gases. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, produzido da cana-de-açúcar, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que produz etanol do milho.


Fonte: jornal.usp.br

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