Segundo dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária brasileira é a atividade responsável por 30% das emissões de gases de efeito estufa no País. Pela potência do Brasil como produtor e exportador de alimentos e pelas dimensões continentais, estima-se que a atividade seja responsável por 7% das emissões mundiais.
Com o conhecimento atual sobre os efeitos do aumento da temperatura, governos do mundo todo já perceberam que é preciso mudar práticas antigas para garantir a saúde do planeta para as futuras gerações. Assim, ao longo das Conferências das Nações Unidas sobre o Clima (COPs), vários acordos são firmados em relação aos investimentos em países que diminuem as emissões de carbono. Além disso, várias nações têm barrado o comércio com quem não respeita as regras propostas. Portanto, se o Brasil quiser continuar sendo uma referência mundial em agronegócio, precisa se adequar à agricultura de baixo carbono.
Entenda melhor esse termo e saiba as medidas que o País tem adotado nesse sentido.
O que é o efeito estufa?
O efeito estufa é um fenômeno que ocorre naturalmente na Terra. Os raios solares incidem sobre o planeta, e uma parte desse calor é absorvida pelo solo, pelos rios e pelos oceanos; a outra é refletida para o espaço, porém uma porcentagem é retida pelos gases do efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).
A Ciência já comprovou que a ação humana tem intensificado a emissão desses gases, aumentando a retenção do calor e a temperatura do planeta — esta, inclusive das águas, influencia em todo o ciclo climático da Terra. Dessa forma, os fenômenos naturais ficam extremados, como o La Niña e o El Niño, e ocorrem com frequência e duração maiores. A mudança nos ciclos de chuva e de vento coloca em risco não só a agricultura do planeta, mas também a vida humana.
O solo tem imensas quantidades do elemento carbono; dependendo da maneira como ele é manipulado, CO2 é lançado na atmosfera. No ciclo ideal, as plantas conseguem capturar o gás pela fotossíntese e enviá-lo novamente para o solo (processo chamado de sequestro de carbono). No solo, o CO2 é utilizado pelas raízes para alimentar as plantas e pelos microrganismos como nutrientes.
Com a intensa atividade humana, por vezes predatória, a quantidade de CO2 lançado na atmosfera ultrapassa a quantidade que as plantas podem absorver. Além disso, muitas vezes as florestas são derrubadas e queimadas para dar lugar a pastos, diminuindo a capacidade do ambiente de sequestrar o carbono.
Atividades como o preparo intensivo do solo (usando a aração, por exemplo), a degradação de grandes áreas, as queimadas e a drenagem de pântanos estão entre as principais causadoras do aumento do efeito estufa.
O que é agricultura de baixo carbono?
A agricultura de baixo carbono utiliza algumas técnicas para mitigar as emissões de dióxido de carbono. Entre elas, estão:
sistema de plantio direto — utiliza material orgânico e palha de safras anteriores como adubo e alimento para o solo;
rotação de culturas — mudança das culturas a cada safra para evitar o esgotamento do solo;
integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) — junta, em um mesmo espaço, a lavoura, a criação de gado e a preservação das florestas, assim os gases da lavoura e dos animais são absorvidos pelas plantas;
sistemas agroflorestais (SAFs) — otimizam o uso da terra, preservando as florestas e plantando alimentos;
recuperação de pastagens degradadas — recupera pastos esgotados, dando novos nutrientes ao solo e devolvendo a capacidade da agricultura;
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) — introduz bactérias que fixam o nitrogênio do solo nas sementes, e isso diminui a necessidade do uso de fertilizantes, consequentemente, reduzindo a emissão de gases;
florestas plantadas — utiliza áreas degradadas para realizar o plantio de florestas, sejam árvores nativas, sejam exóticas (como pinus e eucalipto), que ajudam no sequestro de carbono.
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